quarta-feira, 18 de maio de 2011

Castelos, reis, rainhas e imaginário colectivo

A partir da escola avista-se o castelo de Penamacor. Faz pensar em batalhas e conquistas, na construção de um território conquistado palmo a palmo, sobretudo na raia, tempos que imaginamos difíceis mas aventurosos, que povoamos de mouros e templários, de princesas e cavaleiros, rainhas e reis ... e Penamacor teve um rei!
O episódio enquadra-se no sebastianismo, crença exacerbada no regresso de D. Sebastião que perecera na batalha de Alcácer-Quibir, e ocorreu nos anos 80 do século XVI. Um jovem louceiro da zona de Alcobaça, fez-se passar pelo desaparecido monarca, instalou-se em Penamacor e durante algum tempo terá conseguido convencer a população local da sua condição real. Desmascarado e preso pelos castelhanos, o rapaz foi condenado às galés, mas conseguiu fugir, ignorando-se como terá sido o resto da sua vida.
O escritor José Jorge Letria narra estes factos no seu pequeno livro O rei de Penamacor, onde se lê na página 55:


“(...) Penamacor era uma vila de poucos habitantes, onde eram duros os rigores da invernia e onde os espanhóis eram causa de revolta e de indignação, principalmente quando iam com os seus homens de armas ajudar os portugueses que, ao serviço deles, se encarregavam da cobrança de impostos. Não deparámos com dificuldades quando quisemos instalar a nossa corte. A população acolheu-nos com entusiasmo, cedeu-nos uma bela residência apalaçada e quis que não tivéssemos quaisquer preocupações com alimentação ou com dinheiro. Vivemos, por via dessa grande hospitalidade, dias exaltantes e inesquecíveis.”

Este livro, que pode ser lido na BE, enriquece a história desta vila medieval.

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