quarta-feira, 25 de maio de 2011

Leituras

Estão em destaque na BE as obras de Banda Desenhada que integram o espólio. Mais uma chamada à leitura, seja ela de que género for!


Livros do Mês

A rubrica Livros do Mês distingue mensalmente três obras. Em maio os destaques recaem sobre BD, integrada nas listagens do PNL: Pêro da Covilhã e a misteriosa viagem de José Ruy, O caranguejo das tenazes de ouro de Hergé e A aventura olímpica – Da Antiguidade a 1924 de C. Moliterni.


Árvore da Poesia

Há uma magnífica árvore na nossa BE!
A nossa árvore já teve folhas outonais - amarelas, vermelhas e castanhas - depois perdeu-as para se encher de coloridas e variadas flores e agora a sua copa está coberta de belas maçãs amarelas e vermelhas. É a Árvore da Poesia, pois em todas as épocas se cobre com alguns dos mais belos poemas jamais escritos.

Coincidências

É impossível conhecer todas as obras existentes numa biblioteca, que neste momento tem mais de 7 mil títulos. Uma leitura casual, permitiu descobrir um poema dedicado ao nosso patrono, encantador na sua simplicidade. Este espaço é ideal para a sua divulgação.

ANTÓNIO RIBEIRO SANCHES

É Penamacor minha pátria
E em Coimbra estudei Medicina.
Por razões que ninguém hoje imagina,
fui obrigado a emigrar.
Viajei muitos países
E, sem esquecer as raízes,
entreguei-me a estudar
o movimento iluminista.
Fui sincero europeísta.

Aprendi que todo o saber
Se enriquece com a observação
E sem madura reflexão
Não é perfeito nenhum fazer.
E que a ciência
Faz apelo à experiência
Para crescer
Em quem a quer entender.

Médico atento e conceituado, em Moscovo,
Homem de estudo, em Paris,
em tudo o que escrevi e fiz
procurei ser pedagogo.

Nunca fui um vagabundo.
Sempre vivi em pobreza.
Fui cidadão do mundo.
Amei a língua portuguesa.

Eugénio Beirão, Beira: um rosto interior. Covilhã: 1999, Ed. de autor.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Exposição de Castelos

Ao longo desta semana (16 a 20 de Maio)está patente na BE uma exposição de castelos, realizados pelos alunos do 5º ano, no âmbito da disciplina de História e Geografia de Portugal. Entusiasmados, os alunos retrataram as vivências da época, inserindo personagens e outros elementos adequados, nas suas obras. Reciclaram materiais que utilizaram com resultados surpreendentes, atraindo muitos visitantes.



Castelos, reis, rainhas e imaginário colectivo

A partir da escola avista-se o castelo de Penamacor. Faz pensar em batalhas e conquistas, na construção de um território conquistado palmo a palmo, sobretudo na raia, tempos que imaginamos difíceis mas aventurosos, que povoamos de mouros e templários, de princesas e cavaleiros, rainhas e reis ... e Penamacor teve um rei!
O episódio enquadra-se no sebastianismo, crença exacerbada no regresso de D. Sebastião que perecera na batalha de Alcácer-Quibir, e ocorreu nos anos 80 do século XVI. Um jovem louceiro da zona de Alcobaça, fez-se passar pelo desaparecido monarca, instalou-se em Penamacor e durante algum tempo terá conseguido convencer a população local da sua condição real. Desmascarado e preso pelos castelhanos, o rapaz foi condenado às galés, mas conseguiu fugir, ignorando-se como terá sido o resto da sua vida.
O escritor José Jorge Letria narra estes factos no seu pequeno livro O rei de Penamacor, onde se lê na página 55:


“(...) Penamacor era uma vila de poucos habitantes, onde eram duros os rigores da invernia e onde os espanhóis eram causa de revolta e de indignação, principalmente quando iam com os seus homens de armas ajudar os portugueses que, ao serviço deles, se encarregavam da cobrança de impostos. Não deparámos com dificuldades quando quisemos instalar a nossa corte. A população acolheu-nos com entusiasmo, cedeu-nos uma bela residência apalaçada e quis que não tivéssemos quaisquer preocupações com alimentação ou com dinheiro. Vivemos, por via dessa grande hospitalidade, dias exaltantes e inesquecíveis.”

Este livro, que pode ser lido na BE, enriquece a história desta vila medieval.

Poesia medieval

A exposição de castelos remete para a Idade Média e a sua riqueza cultural, por vezes ignorada. Ocorre-nos a obra poética do brilhante rei D. Dinis e a esse propósito divulgamos uma das suas  Cantigas de Amigo, cuja toada nos embala num português a ganhar relevância como língua autónoma.


 

quarta-feira, 11 de maio de 2011

imagem in http://www.enciclopedia.com.pt/new/articles.php

No dia 9 de maio é comemorado o Dia da Europa. Na BE e no hall principal estão expostos materiais sobre o tema, celebrando a “unidade na diversidade” dos 27 países membros da União Europeia.
A ideia de uma Europa unida existia nos sonhos de muitos intelectuais desde há muito. Em Portugal, em 1944-45, perante um continente destruído pela Segunda Guerra, escrevia Adolfo Casais Monteiro, de forma premonitória:


EUROPA
Europa, sonho futuro!
Europa, manhã por vir,
fronteiras sem cães de guarda,
nações com seu riso franco
abertas de par em par!
Europa sem misérias arrastando seus andrajos,
virás um dia? virá o dia
em que renasças purificada?
Serás um dia o lar comum dos que nasceram
no teu solo devastado?
Saberás renascer, Fénix, das cinzas
em que arda enfim, falsa grandeza,
a glória que teus povos se sonharam
— cada um para si te querendo toda?
Europa, sonho futuro,
se algum dia há-de ser!
Europa que não soubeste
ouvir do fundo dos tempos
a voz na treva clamando
que tua grandeza não era
só do espírito seres pródiga
se do pão eras avara!
Tua grandeza a fizeram
os que nunca perguntaram
a raça por quem serviam.
Tua glória a ganharam
mãos que livres modelaram
teu corpo livre de algemas
num sonho sempre a alcançar!
Europa, ó mundo a criar!
Europa, ó sonho por vir
enquanto à terra não desçam
as vozes que já moldaram
tua figura ideal,
Europa, sonho incriado,
até ao dia em que desça
teu espírito sobre as águas!
Europa sem misérias arrastando seus andrajos,
virás um dia? virá o dia
em que renasças purificada?
Serás um dia o lar comum dos que nasceram
no teu solo devastado?
Saberás renascer, Fénix, das cinzas
do teu corpo dividido?
Europa, tu virás só quando entre as nações
o ódio não tiver a última palavra,
ao ódio não guiar a mão avara,
à mão não der alento o cavo som de enterro
— e do rebanho morto, enfim, à luz do dia,
o homem que sonhaste, Europa, seja vida!     (…)


Adolfo Casais Monteiro nasceu no Porto em 1908 e morreu em São Paulo em 1972. Exilara-se em 1954 no Brasil (onde ensinou em várias universidades, com uma breve passagem pelos EUA perto do fim da vida) por motivos políticos.
A sua juventude foi típica de um filho da burguesia portuense ilustrada e liberal, cedo revelando propensão artística. Ainda durante a sua licenciatura, na Faculdade de Letras do Porto, em Ciências Históricas e Filosóficas, estreia –se nas Letras com os poemas de Confusão (1929).
Também nesses anos inicia a sua colaboração com a revista coimbrã Presença, em cuja direcção se integra em 1931, formando o que se torna a direcção «definitiva» da folha de arte e crítica até ao seu fim (já em Segunda Série, em 1940). A sua criação literária é já nestes anos dominada por dois géneros: a poesia e o ensaio.
Em 1954, ano em que parte para o Brasil para participar num congresso mas já com a intenção de aí ficar e enviar uma «carta de chamada» para a mulher e o filho (João Paulo Monteiro, que se lhe juntará em 1963), publica Voo sem Pássaro Dentro (poesia) e vê um antologia de poema seus surgir em castelhano (Adolfo Casais Monteiro). No Brasil mantém actividade poética (surgirá em 1969, como original nas Poesias Completas, O Estrangeiro Definitivo), além de continuar a organizar antologias, com destaque para A Poesia da Presença (1959, no Brasil, 1972, Portugal), reeditada em Portugal (2003).
Tendo ensinado em várias universidades brasileiras, fixa-se em 1962 na Universidade de São Paulo, leccionando Teoria da Literatura.
Manteve sempre em vista a actividade artística e literária em Portugal (onde nunca voltou), como as dedicatórias dos poemas dos últimos livros deixam perceber. Depois de décadas sem que a ensura permitisse, sequer, a publicação do seu nome, em 1969 a Portugália Editora lança o volume Poesias Completas.


 

quarta-feira, 4 de maio de 2011


Maio maduro Maio
Quem te pintou
Quem te quebrou o encanto
Nunca te amou (...)


Que a liberdade seja sempre celebrada e que a sua fragilidade seja entendida como condição de indispensável protecção!

Na passada semana decorreu o 25 de Abril. Para o festejar reflectidamente, a BE  divulgou poesia sobre a liberdade e o dia da revolução dos cravos. Apresentamos dois dos poemas sobre essa temática, muito apreciados por quem trabalha na BE.

Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo.
Sophia de Mello Breyner Andresen


QUEM A TEM...

Não hei-de morrer sem saber
Qual a cor da liberdade.
Eu não posso senão ser
desta terra em que nasci.
Embora ao mundo pertença
e sempre a verdade vença,
qual será ser livre aqui,
não hei-de morrer sem saber.

Trocaram tudo em maldade,
é quase um crime viver.
Mas embora escondam tudo
e me queiram, cego e mudo
não hei-de morrer sem saber
qual a cor da liberdade.

Jorge de Sena, Poesia II


Para além da poesia, foram apresentadas as biografias dos Capitães de Abril, foram vistos filmes e realizou-se um bibliopaper sobre a data, para os alunos do 6º e 9º anos.

Depois de Abril chega Maio e o esplendor da Primavera... lembramos o cantor Zeca Afonso e a sua voz canta-nos ao ouvido “Maio, maduro Maio”