quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Escritores

«Sempre imaginei que o Paraíso seria uma Biblioteca»

Jorge Luís Borges, escritor argentino

Quem foi este grande escritor sul-americano?
Jorge Luís Borges nasceu em Buenos Aires no dia 24 de Agosto de 1899. Por influência da avó inglesa, foi alfabetizado em inglês e em espanhol. Em 1914 viajou com sua família para a Europa e instalou-se em Genebra, onde frequentou o ensino médio. Em 1919 mudou-se para a Espanha e aí entrou em contacto com o movimento ultraísta. Em 1921 regressou a Buenos Aires e fundou com outros importantes escritores a revista Proa. Em 1923 publicou o seu primeiro livro de poemas, Fervor de Buenos Aires. Desde essa época, adoeceu dos olhos, sofreu sucessivas operações às cataratas e perdeu quase por completo a vista em 1955. Tempos depois referir-se-ia à sua cegueira como "um lento crepúsculo que já dura mais de meio século".
Desde o seu primeiro livro até a publicação de suas Obras Completas (1974) decorreram cinquenta anos de criação literária, durante os quais Borges superou a sua enfermidade, escrevendo ou ditando livros de poemas, contos e ensaios, admirados hoje no mundo inteiro. Recebeu importantes distinções de diversas universidades e governos estrangeiros e numerosos prémios, entre eles o Cervantes, em 1980. A sua obra foi traduzida em mais de vinte e cinco idiomas e levada ao cinema e à televisão. Prólogos, antologias, traduções, cursos e conferências testemunham o esmero incansável desse grande escritor, que revolucionou a prosa em castelhano, como têm reconhecido, sem excepção, os seus contemporâneos. Borges faleceu em Genebra no dia 14 de Junho de 1986.


Eis um poema de Borges



Os Justos
Um homem que cultiva o seu jardim, como queria Voltaire.
O que agradece que na terra haja música.
O que descobre com prazer uma etimologia.
Dois empregados que num café do Sul jogam um silencioso xadrez.
O ceramista que premedita uma cor e uma forma.
O tipógrafo que compõe bem esta página, que talvez não lhe agrade.
Uma mulher e um homem que lêem os tercetos finais de certo canto.
O que acarinha um animal adormecido.
O que justifica ou quer justificar um mal que lhe fizeram.
O que agradece que na terra haja Stevenson.
O que prefere que os outros tenham razão.
Essas pessoas, que se ignoram, estão a salvar o mundo.

Jorge Luís Borges in A Cifra
(Tradução de Fernando Pinto do Amaral)




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